sábado, 29 de novembro de 2014

Benedita Rodrigues. Sem erros.


Não é facilmente perceptível, assim, mas isto é a tampa de uma caixa de plasticina (em forma de maçã). Ela pegou na caixa e pediu-me uma caneta "das minhas" (canetas de tinta permanente, que eu uso, por exemplo, para pintar os ohos nos ovos do meu projecto Ovomaltinha). E começou a escrevinhar na tampa. Ofereci-me para ajudar, sem saber o que queria escrever. Ela não quis. Só veio ter comigo uns minutos mais tarde, meio chorona, porque se tinha enganado numas letras. O i e o g. Eu apaguei-as com álcool, para ela refazer mas como estava fazer uma outra coisa nem reparei no que ela estava a escrever. Apaguei as duas letras mal escritas e mais nada. Perdão, minto. Apaguei aquelas duas letras, dei-lhe a caixa de novo para as mãos e perguntei-lhe se ela não queria mesmo ajuda. Respondeu que não, já de costas para mim, ao dobrar da ombreira da porta da cozinha para o corredor. Voltou uns minutos depois. Só aí percebi. Primeiro e e último nomes. Sem ajudas. Sem erros. Vou começar a juntar dinheiro para as propinas da universidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário